Hoje eu revirei uma caixa, daquelas bem velhinhas, e descobri um verdadeiro tesouro ali dentro.

                Fotos, cartas, recados, destroços de um antigo cordão de prata, uma chave velha, um retalho de seda vermelha e um vidrinho com 5, 6 gotas de perfume. Todos esses objetos - que com certeza pareceriam um monte de lixo velho - me fizeram lembrar de uma época boa, há muito arquivada na minha história. Naquela época, fiz pactos eternos de amizade, jurei estar para sempre do lado de pessoas que nem mesmo converso mais. Recebi as mesmas propostas, por pessoas que me abandonaram na primeira dificuldade.

                Ao tocar aqueles objetos, percebi que o meu atual fracasso nos relacionamentos - tanto amorosos quantos amigáveis - se devia àquelas histórias. Por muito tempo me mantive prisioneira de histórias que chegaram ao fim sem que eu percebesse; não me permiti conhecer e amar outras pessoas porque já haviam pessoas ocupando lugar no meu coração - pessoas que não me mantinham em seus próprios.

                Como diria a mineira Isabela Freitas: "Não adianta tentar manter algo em sua vida que já não faz parte dela." E foi vendo essa frase que parei pra perceber: eu tenho que me livrar de tudo o que me atrasa e me trava o riso. Tenho que deixar pra trás quem me deixou primeiro.

                Foi assim que larguei numa esquina qualquer minha mala de más memórias e pessoas que se tornaram inúteis. As experiências com essas pessoas jamais serão jogadas fora; elas serviram pra montar a "Lully" que sou hoje. O detalhe é que cansei de levar peso morto nas costas, Deus que me livre virar a Corcunda de Notre-Dame.

                Decidi jogar a caixa fora. Pode parecer "desperdício", sabendo que naquelas cartas haviam belíssimas palavras, mas não quero continuar prendendo fisicamente o que larguei emocionalmente.

                Hoje eu quase saí gritando aos quatro ventos: "Novas pessoas, venham! Não tem mais peso morto comigo!", mas decidi deixar que a vida me traga as pessoas certas - e as erradas também -, afinal, todo mundo vai ser importante pra mim, não?

                Gosto de pensar que hoje é o primeiro dia do Resto da Minha Vida. Que eu possa fazer desse e dos próximos, dias memoráveis.

xoxo,

L.