Lully Lá

Se você me perguntar o que me fez gostar de você, me apaixonar, eu não vou conseguir responder. Posso até arriscar alguma coisa, elogiando o seu sorriso ou dizendo o quanto eu gosto desse teu jeito implicante e meio rebelde. Ainda sim seria pouco. Ainda sim é pouco.
Eu posso continuar arriscando, dizendo que foram as tuas composições, ou que foram as demonstrações de carinho e cuidado que você sempre me deu e sempre me dá, mesmo quando eu fui egoísta e mandei você embora da minha vida.
Posso também dizer que foram as noites e madrugadas que passamos conversando - coisas importantes, outras nem tanto, declarações e confissões.
Posso afirmar que de tanto ficarmos juntos, peguei as tuas manias todas pra mim. Seja a risada, a forma de falar, o gosto musical e mais um bilhão de coisas.
Posso dizer que foram as vezes que você me deixou deitar do teu lado, quando me faz cafuné ou os vários abraços, quando faz com que eu me sinta segura em relação a qualquer coisa ou pessoa. Ou que foram os elogios e a sua maneira de me encher de mimo, mesmo quando sou grossa e te deixo de lado - "super-brava", lembra?
Posso dizer, ainda, que foram a sua atenção e paciência, quando tudo o que fiz foi chorar como uma criança. Que foram todas as vezes que você me enxergou melhor do que eu realmente sou, e me fez querer ser melhor do que eu poderia ser. Que foram todas as vezes que você insistiu em mim e não desistiu e me mostrar que somos melhores juntos, um ao lado do outro, tendo um ao outro e sendo um do outro.
Posso arriscar um pouco mais e dizer que foi quando você me surpreendeu com o seu primeiro "eu amo você", com o nosso primeiro beijo no ponto de ônibus, ou a primeira vez que veio à minha casa.
E juntando tudo isso, todos esses motivos e muitos outros que não estão aqui, eu tenho você.
Inteiro.
Completo.
Você.
Você, que uma vez chegou a me dizer que estaria longe de ser quem eu esperava ou queria comigo.
Você, que não fazia parte dos meus planos, e por quem eu não esperava me apaixonar.
Você, que conquistou cada pedacinho de mim. E que ganhou meu coração.
Você, que tem o meu amor.
E me tem, amor.
Você.

Mais uma noite normal

13:52

Inspiração: Inverno

13:42

Temos todo o tempo do mundo!

20:31

Eu acordei sentindo o teu cheiro e, antes mesmo de abrir os olhos, já sabia que você estava ao meu lado. O calor do teu corpo tinha uma força mais poderosa que o próprio Sol. A tua mão se encontrava em minha cintura e o verso das minhas pernas se encontrava com a frente das tuas. Nunca na vida eu estivera em posição melhor ou mais confortável. Virei-me e lá estava você, de olhos fechados - ainda dormia.
Ao conferir o relógio, percebi que ainda faltavam 17 minutos para que o teu despertador tocasse. Aproveitei esse tempo a sós com o teu corpo e comecei a apreciá-lo fisicamente. Comecei do seu cabelo - você tem aqueles cachos pra todo lado, como se não conseguissem se decidir para qual direção seguir. Desci um pouco o olhar e vi a curvatura da testa, a linha das sobrancelhas, o teu nariz redondinho. Vi tuas bochechas - quantas vezes apertei-as? - e o espaço entre o nariz e a boca. Ao analisar teus lábios, quase desisti de deixá-lo dormir e fui beijá-lo, mas você merecia esse tempo tão escasso de descanso.
A tua boca rosada me lembrava cada vez que olhei-a enquanto conversava ou antes de um beijo. Ela me fazia lembrar de quando cantou pra mim, e cada vez que imitou Cazuza e Renato. Seus lábios estavam entreabertos e, naquele momento, mais que em qualquer outro, quis ser uma boa desenhista ou ter uma câmera de altíssima resolução, para que pudesse registrar essa obra-prima. Desci mais e vi o teu pescoço. A tua clavícula. O teu peito que subia e descia num ritmo cadenciado, denunciando o teu sono. Abaixo da cintura o cobertor cobria-o, mas ainda sim eu sabia o que ali escondia-se. O abdômen definido, mas sem aquele exagero que o deixava feio. As tuas pernas e os teus pés.
Eu sabia como era o teu corpo até mesmo de olhos fechados, mas ainda sim eu gostava de observá-lo e absorver cada detalhe que se perdera. Eu gostava de olhá-lo porque as vezes eu não conseguia acreditar que eu tinha "tudo aquilo" pra mim, então eu observava o teu corpo para que eu compreende-se que sim, você era real.
Quando faltavam 20 segundos para que o despertador tirasse você de tão bom sono, eu dispensei o alarme e dei-lhe um selinho, demorado o bastante para que acordasse. Quando abriu os teus olhos e me viu, abriu um sorriso do tamanho do mundo, e me deu de presente a combinação física perfeita: sorriso + brilho no olhar. Essa junção me deixava tonta e me tirava de órbita. Com a voz rouca de sono, perguntou-me há quanto tempo eu o olhava. Exatos 17 minutos, respondi-o. Você sorriu mais uma vez e abraçou-me forte pela cintura.
Não quero ir trabalhar, você disse-me, quero ficar aqui com você o resto de minha vida. É, até eu queria ficar, mas como diria John Green, "O mundo não é uma fábrica de realização de desejos". Por mais alguns instantes, ficamos colados, como se fôssemos apenas um, e então a realidade começou a invadir a nossa privacidade. De teu quarto éramos capazes de ouvir a vizinha fazendo o café, e o vizinho xingando o filho. É, meu bem, é hora de dar tchau ao nosso perfeito mundinho, você disse-me, com todo o sarcasmo que o teu sono permitia.
Eu ainda não conseguia deixá-lo, então perguntei-o: Vai demorar muito pra nos vermos de novo?
E com aquele olhar que tinha o universo inteiro dentro dele, você me respondeu:

Temos todo o tempo do mundo.

As pequenas coisas não tem preço, tem valor

14:58

Antes de ontem eu estava no Facebook quando me apareceu a ilustração acima, e o texto que a acompanhava falava sobre o valor das pequenas coisas. Daí, pra variar, comecei a pensar.

Quantas vezes nós realmente fomos gratas por cada pequeno gesto que recebemos das pessoas ao nosso redor? Quantas vezes o nosso "obrigada(o)" era dito de coração? Não foram tantas, não é?

A máxima de "só se dá valor depois que perde-se" é verdadeira na maioria das vezes.

Nós só percebemos o quanto recebemos quando alguém não nos dá o que estávamos acostumados a receber. Seja um "bom dia" do vizinho ou um abraço de quem se ama. As pequenas coisas não tem preço, tem valor.

Pare um qualquer na rua e pergunte-o: "Quanto custa um abraço?". Provavelmente a pessoa vai dizer-lhe que não custa nada. Ora, se não custa, por que nos recusamos tanto a dá-lo? Há dificuldade em se dar um bom dia para o porteiro do seu prédio, ou o taxista? Não. Então por que deixamos de fazê-lo?

Já vi muitas pessoas culpando a tecnologia, a internet e mais um monte de coisas por esse egocentrismo. Sabe o que é mais estranho? Essas pessoas culpam qualquer coisa, menos elas mesmas. Somos nós que paramos de conversar olhando nos olhos; a internet só nos incentivou a fazer isso cada vez mais. Somos nós que andamos de cabeça baixa, com a cara fechada para Deus e o mundo; o fone de ouvido só nos serve como desculpa.

Quando se quer, é possível tudo. Nós não precisamos fazer cartazes gigantes ou 3 shows beneficentes por dia. O que precisamos é apenas sorrir para um estranho na rua. Já parou para pensar que esse pode ser o único sorriso que ele receberá no dia?

Não sou hipócrita. Eu tenho esses defeitos. Eu não sou a Sra. Gentileza. Só acho que, reconhecermos os nossos erros, já andamos metade do caminho para a nossa melhora.

O que nos resta é, a cada dia, nos lembrarmos do próximo e, mais do que isso, lembrar do valor das pequenas coisas. Assim, seremos cada vez mais, seres humanos.