Capítulo 4 - Central Park

        Eu morava a cinco minutos a pé do Central Park, então fomos pra lá. A todo momento eu o olhava, como se fosse - puf! - desaparecer. Olhei tanto que ele reparou e me perguntou o que estava acontecendo.

Capítulo 3 - Passava por aqui e decidi te ver

       Assim que acordei sabia que algo estava errado. Por quê? Eu morava sozinha num apartamento em Nova York, então eu ouvia inglês O TEMPO TODO mas, naquela manhã, ouvi uma música em português. Mais precisamente, Meu Abandono, do Rosa de Saron. Vinha do outro lado da porta do meu apê, então fiquei desconfiada. Me levantei e, devagar, abri a porta.
        Ele, em carne, osso e música. Segurava na mão um buquê de tulipas alaranjadas, e ao seu lado, no chão, havia uma mala de rodinhas. Antes que eu tivesse qualquer reação, ele me abraçou e me deu um beijo na testa. Assim que senti o seu cheiro, me libertei da paralisia e o abracei com uma força descomunal.
        - O que ... O que está fazendo aqui?
        - Ora, vim visitar você!
        - Mas como assim, visitar? Como fez isso? O que ... - Eu estava transtornada, mas tudo passou quando ele me pegou pela cintura e me beijou. Fui ao céu e voltei. Meu coração, que batia acelerado desde a hora em que o vi, se acalmou, como se dissesse Ei, fica tranquila. É só o Pedro. 
        - Ei, essas flores são pra você. Pronto, agora nunca mais pode dizer que não te dei um buquê de flores, tá? - eu não olhava pra ele. Estava com minha cabeça em seu peito e só ouvia o que ele dizia. De má vontade me soltei e fui procurar um vaso para colocar as flores.Ele me seguiu e colocou sua mala escorada no sofá, foi quando eu percebi que ele trazia também um violão e uma cesta de piquenique.
        - Então, vamos dar uma volta? - A voz dele era cada vez mais doce, e eu tinha vontade de chorar.
        - Pedro, como assim uma volta? Me explica o que tá fazendo aqui, e o que significa essa mala e as coisas que você trouxe!
        - Só dá um passeio comigo e eu te explico tudo.
        - Ãn, ok. - eu olhava meio desconfiada - Só me deixa tomar um banho, ok?
        - Por mim tudo bem.
        - Fica a vontade. Os canais em português são 13, 14, 15, 17, 42 e 54. Ah, tem o 24, acho que vai gostar dele. - Era o canal onde tocava música boa e de qualidade 24 horas por dia. Vi ele soltar um suspiro de alívio quando começou a tocar Barão Vermelho.
        Entrei para o banheiro com medo de que acordasse a qualquer momento, e descobrisse que era apenas um sonho. Ainda estava conturbada, mas uma felicidade começou a crescer no meu peito, e tudo começou a se ajeitar.
        Depois de um bom banho tomado e uma roupa decente, saí do quarto. Ele ainda estava lá, e sorria pra mim, com aquele sorriso que me encanta desde a primeira vez que o vi. Ele se levantou e desligou a TV. Colocou o violão nas costas, pegou a cesta com uma mão e esticou a outra pra mim. Aquele gesto tão reconfortante foi me convencendo cada vez mais de que tudo acabaria bem.

        "Nenhum homem é uma ilha".
        De todas as minhas lembranças, essa frase é uma das primeiras. Eu tinha uns 6 anos e já entendia, por alto, o que ela significava.
        É daquele tipo que, se responder de primeira, é capaz de pagar mico. Você tem que pensar bem pra ver que ela basicamente diz que nenhum homem vive sozinho.
        Você vai ao supermercado comprar pasta de dente? Você precisa da operadora de caixa. Compra pela internet? Precisa do programador. Assiste séries? Precisa dos atores. Simplesmente não tem como ser um solitário, como o último humano da Terra.
        É engraçado que, quando mais nova, eu coloquei na minha cabeça que era sim possível viver só. Por mais que eu tivesse meus amigos, ainda sim, era como se eu deixasse que eles espiassem pela fechadura, com a luz apagada. Eu sabia tudo (ou pelo menos pensava que sabia) sobre eles, mas não sabiam nada sobre mim. Eu simplesmente não queria deixar que me conhecessem, amassem e eu passasse a depender deles.
        O meu primeiro namoradinho mais sério ferrou isso mais ainda. Ele conseguiu me "encantar" e me fazer cair na lábia dele. Escancarei meu coração e ele recuou, assustado com a bagunça, com o puro caos. O resultado? Se antes eu começava a pensar em viver num arquipélago, agora eu queria ser o triângulo das bermudas.
         Acho que todo mundo aqui já é acostumado com os meus textos melosos que, por mais que eu não cite nomes, todos sabem pra quem são. Um dos motivos de eu ser tão carinhosa e querer dizer a todo tempo o quanto eu o amo é o fato de que ele aguentou a bagunça. Aliás, não só aguentou como consertou o que estava quebrado e jogou fora o que não prestava. As vezes eu faço birra e jogo tudo pro ar, mas é só pra ele vir e arrumar tudo de novo.
        O que importa é que eu descobri que não tem problema eu depender de alguém, as vezes é até bom. Isso serve pra criar laços e transformar uma ilha deserta, dessas ben pequenas, em parte de um arquipélago gigante, onde todos são atrações principais.
        Eu só precisei abrir, ou melhor, escancarar a porta da casa e da alma.
        Com amor, Lully.

        Amores, há muuito tempo não faço um post sobre inspiração, e decidi fazer esse depois que eu e umas amigas conversávamos sobre a coragem e o carinho que há por trás desses desenhos, escritas, etc.
        Tem grande, pequena, números romanos, baralho e até satr wars. Tem literalmente para (quase) todos os gostos, e é claro que tem muuuitas outras ideias pela internet afora, além daquela que você e o seu bem podem criar juntos. Com tanta ideia fico até indecisa.
        Se preparem que tem muuuuuuita foto (risos)! Enfim, aproveitem!










* Declaro para fins autorais que nenhuma dessas imagens é de autoria do blog. Elas foram encontradas através de pesquisas na internet.

       Eu estava nos Estados Unidos há 3 meses e, ainda sim, eu relembrava todas as noites a despedida no aeroporto, e sempre sentia uma faca atravessando meu coração.

Capítulo 1 - A Ficha Cai

        Antes da ficha cair, nós dois estávamos empolgados. Eu, porque finalmente ia sair do país e terminar meus estudos sobre a Literatura da Língua Inglesa; ele, porque eu estava realizando o meu sonho, o sonho que eu tinha desde os 16, desde que nos conhecemos e começamos a namorar.
         - A escrita simplesmente faz parte de você. É tipo eu com a música. Você simplesmente não é você quando não escreve.
         - Ainda não acredito que vou pra fora. Mas e a gente, como fica?
         - Já resolvi isso, querida. - essa piscada de olho quase me mata - Amor, estamos juntos há 6 anos. Não acha que a gente tinha que dar mais um passo não?
         Eu entendi na mesma hora. Quando eu ainda estava no Ensino Médio, tivemos uma pequena discussão, porque eu queria me casar só depois que formasse a faculdade, e ele queria assim que eu me formasse no colégio.
         - Peraí, você quer que a gente se case antes de eu viajar?
         - Não, não amor. A gente noiva, coloca aliança dourada bonitinha e, quando voltar, a gente casa na praia, como sempre sonhamos.
         Eu não tinha o que falar. Era simplesmente louco. De uma hora pra outra eu passei de graduanda de Letras com um namorado músico para uma escritora-profissional-morando-fora-noiva. Era coisa demais e, ainda sim, eu fiquei simplesmente empolgada com a ideia.
         - E eu já pedi os seus pais. Eles falaram que você escolhe, mas que por eles tudo bem.

         Perdi o fôlego quando a realidade me atingiu. Eu simplesmente não conseguia acreditar. Tudo bem, o meu sonho começava a se concretizar, mas agora? Quando tudo se ajeitava pra gente.
         - Ei, amor, tudo bem. O que vai ser um tempo longe? Eu te amo muito pra deixar essa distância nos atrapalhar. Eternamente juntos, lembra? - ele me disse numa voz tranquila, mas eu percebi que nos seus olhos havia medo, talvez pavor, do que poderia estar pela frente. Não na primeira vez da minha vida, desejei não conhecê-lo tão bem a ponto de interpretá-lo apenas com as expressões do rosto.
         - É, eu sei, amor. Mas ainda sim ... Sabe que odeio ficar longe de você. Sinto sua falta.
         - Também sinto a sua. Mas para pra pensar: finalmente está realizando o seu sonho! Vai escrever, entender ainda mais de literatura e, quando voltar, vai me ensi ...
         Ele parou de falar e começou a chorar; eu já havia começado há muito tempo. A razão? Se eu fosse bem sucedida durante o tempo de estudo entre Estados Unidos e Inglaterra, com um pezinho na Holanda, eu podia não voltar. Seria o melhor pra mim, mas não pra nós; ele vivia do bom rock brasileiro, não podia simplesmente abrir mão e vir comigo. Eu também não deixaria de escrever por causa dele. Um impasse.
        - Então é o fim? - eu praticamente sussurrei, porque sabia que se falasse um pouco mais alto, não conseguiria me segurar.
        - Por enquanto. Talvez, quem sabe ...
        - Olha, vamos fazer o seguinte. - eu tentava ver o futuro de forma mais animadora possível. Que eu lidasse com a dor de ter me iludido depois - Se for pra gente ficar junto, a gente vai ficar, independente do tempo. Vamos ficar separados, até porque não quero te fazer esperar pra depois você achar que estava sacaneando com você e, quando (decidi deixar o "se" de fora) eu voltar, se estivermos realmente amando um ao outro, ficamos juntos.
        Ele deu um sorriso meio de lado, e eu conseguia sentir o esforço que ele fazia para que não começasse a chorar de novo. - Eu te amo tanto, minha pequena. Não sei como vou aguentar.
        - Eu também te amo muito, meu anjo. - Meio que para animá-lo, citei um de nossos desenhos favoritos - Esse é o desnecessauro!
        - Oi! - ele me respondeu, e nos abraçamos. Comecei a beijá-lo com uma intensidade assustadora, afinal eu não sabia até quando poderia desfrutar desses momentos.
        Naquele dia dormimos juntos, sem maldade alguma. Nós precisávamos sentir o calor um do outro, antes que o outro lado da cama se transformasse num imenso vazio gelado e duro.

        Esse fim de semana eu não estava de casa; participava de um retiro da Igreja. Eu não estou aqui pra tentar converter você - por mais que eu queira muito fazer isso -, pelo menos não agora. Mas o que eu quero te contar, talvez você até já saiba, é: nunca é tarde. Seja pra assistir um desenho animado ou seguir o seu sonho. Seja pra se entregar a Deus ou fazer o mochilão pela Europa.Só será tarde demais quando você estiver morto, enterrado(a) debaixo de 7 palmos de terra.
        Mas agora você tá aí, vivo e com saúde. Com todas as oportunidades batendo à sua porta e, como diria um dos meus cantores favoritos, com todo o tempo do mundo. Só que o tempo não para, como diria o poeta exagerado Cazuza. Então levanta essa bunda da cadeira, sofá ou onde quer que você esteja e corra atrás, porque a única coisa que cai do céu de graça é chuva, e até isso tem faltado, viu.
        Quer ser mais gentil e ajudar alguém? Aposto que na esquina da sua casa tem alguém que precisa. Na verdade, nem saia de casa. Pergunta pra sua mãe o que ela precisa que você faça e - pronto! - vai ajudar alguém. Quando terminar, vai perceber como se sente muito melhor.
       Quer viajar? Arruma um trampo, mesmo que temporário, e junta grana. Larga tudo e vai viver o teu sonho. Quando voltar, vai ter crescido internamente de uma forma que você jamais conseguiria imaginar.
        Quer der uma chance pra Deus mudar sua vida? Me chama no meu Facebook pessoal (esse aqui) e eu te apresento formas de conseguir isso. Terei o maior prazer do mundo de trazer você pra esse "mundo".
        Eu não tô aqui pra ser chata e, se estiver sendo, com o perdão da palavra, dane-se. Porque eu tenho uma missão, e o meu sonho é realizar essa missão. Eu escolhi servir o Deus que eu tive, por experiência própria, certeza de que ele me ama.
        Quer mudar de vida radicalmente? Dá uma chance pra ele. Você não vai se arrepender.
xoxo,
L.